sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Sete pecados capitais dos educadores*

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“Todos erram: a maioria usa os erros para se destruir; a minoria, para se construir. Estes são os sábios.” Nós vamos procurar ser os sábios actuais, ou seja, caro(a) educador(a), procure ser um dos sábios actuais. Só terá a ganhar… tente…
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1. Corrigir publicamente

Conceito:
  1. Expor o defeito de uma pessoa diante dos outros, ou fazer uma exposição pública do erro do educando
  2. Ofender os defeitos físicos de alguém

Conseqüências:

  1. Produzir humilhação e traumas complexos, difíceis de serem sarados
  2. Baixa auto-estima (sentimento ou preconceito de inferioridade)
  3. Perda do encanto pela vida
  4. Depressão

Conselhos úteis:

  1. Só se deve intervir publicamente quando o erro é público. Mesmo assim, é necessária a prudência, evitando assim colocar mais lenha no calor das tensões
  2. Não humilhar publicamente alguém, ainda que seja para nossa defesa
  3. Não ofender os defeitos físicos de alguém
  4. Ainda que alguém o decepcione, não o humilhe, chame-o em particular e corrija-o
  5. Um educador deve valorizar mais a pessoa que erra do que o erro da pessoa

2. Expressar autoridade com agressividade

Conceito:

  1. Uso da violência para corrigir
  2. Imutabilidade e teimosia (outra forma do uso da violência)

Conseqüências:

  1. Perda do amor por parte do educando, substituído pelo temor
  2. Controlo da inteligência ou sufoco da lucidez
  3. Reprodução da reacção do educador por parte do educando no futuro (formar pessoas que também reagirão com violência = formar violentos)

Conselhos úteis:

  1. Dialogar com os educandos (“o dialogo é uma ferramenta educacional insubstituivel)
  2. A verdadeira autoridade entre educador-aluno é conquistada com inteligência e amor
  3. Gestos como beijo, e outros de afecto, levam os educandos a acreditar que não correm o risco de perder seus educadores ou pais, nem tão pouco perder o respeito deles
  4. Não devemos ter medo de perder nossa “autoridade”, devemos ter medo de perder nossos filhos, ou educandos

3. Ser excessivamente crítico: obstruir a infância da criança

Conceito:

  1. Criticar imediatamente cada falha ou nota ruim ou atitude insensata
  2. Fazer uma seqüência de críticas a um indivíduo, às vezes em público
  3. Comparar seus comportamentos com os dos outros educandos
  4. Criticar obsessivamente alguém
  5. Maquinação do educando

Conseqüências:

  1. Infelicidade, timidez e fragilidade escondido por detrás da seriedade e da eticidade;
  2. Falta de alegria e espontaneidade entre o educador e o educando;
  3. Tristeza
  4. Pavor da crítica
  5. Medo de errar (medo de correr riscos)
  6. Obstrução da infância

Conselhos úteis:

  1. Não critique excessivamente e não compare um educando com os seus colegas porque cada um é um ser único do teatro da vida
  2. A comparação só é educativa quando é estimulante e não depreciativa;
  3. Dê aos seus filhos/ educandos uma liberdade para terem as suas próprias experiências, mesmo que isto inclua riscos, fracassos, atitudes tolas e sofrimento;
  4. Deixar certa margem de erro do educando para que este reconheça a sua fragilidade, amadureça com os erros, aprenda a tolerar, perdoar e a incluir.
  5. “A pior maneira de preparar os jovens para a vida é colocá-los numa estufa e impedi-los de errar e sofrer”. “...Temos de ter em mente que os fracos condenam, os fortes compreendem, os fracos julgam, os fortes perdoam. Mas não é possível ser forte sem perceber nossas limitações”.

4. Punir quando estiver irado e colocar limites sem dar explicações

Conceito:

  1. Deixar escravizar-se pela ira
  2. Agir com a temperatura da emoção
  3. Lidar com a falha ignorando de que ela é uma excelente oportunidade para o educador revelar maturidade e sabedoria

Conseqüências:

  1. Baixa auto-estima do educando
  2. Perda do valor da sua vida
  3. Registo na memória de factos desagradáveis

Conselhos úteis:

  1. As crianças sempre cometem erros, e o importante é o que fazer com eles
  2. Jamais pune quando estiver irado
  3. A dor da palmada não estimula a inteligência dos educandos
  4. A melhor forma de ajudá-los é levá-los a repensar suas atitudes
  5. Praticando essa educação você estará desenvolvendo nos educandos o sentido da liderança, tolerância, ponderação e segurança nos momentos turbulentos
  6. Discuta as causas das falhas com os educandos e lhes dê crédito
  7. A melhor punição é aquela que se negocia; confie na inteligência dos seus educandos
  8. A maturidade de uma pessoa é revelada pela forma inteligente com que ela corrige alguém. Jamais coloque limites sem dar explicações. Para educar use primeiro o silêncio e depois as idéias. Elogie o jovem antes de corrigi-los ou criticá-los, assim ele acolherá melhor as suas observações.

5. Ser impaciente e desistir de educar

Conceito:

  1. Achar que é perda de tempo investir mais num aluno que repete com freqüência os mesmos erros
  2. Desistir de conceder mais uma chance para o educando mudar
  3. Querer apenas educar jovens dóceis
  4. Desistir dos alunos “insuportáveis”

Conseqüências:

  1. Perda do direito de estudar e de ter mais uma chance para mudar de vida

Conselhos úteis:

  1. Em muitos casos, a indisciplina do educando é uma reacção desesperada de quem estava pedindo ajuda
  2. Uma agressividade do educando pode ser um eco da agressividade que recebe em algum lugar
  3. O indisciplinado é vítima e não tanto um réu
  4. Ele vive num mundo sem cores
  5. Educadores brilhantes e fascinantes não desistem dos seus educandos ainda que os decepcionem ou não lhes dêem retorno imediato
  6. Por detrás de cada aluno arredio, de cada jovem agressivo, há uma criança que precisa de afecto

6. Não cumprir com a palavra

Conceito:

  1. Com medo de frustrar, prometer o que não pode cumprir
  2. Com a preocupação em evitar transtornos momentâneos, fazer promessas excessivas
  3. Dissimular e não cumprir com a palavra
  4. Não ser honesto com os educandos
  5. Medo de dizer não

Conseqüências:

  1. Perda do respeito pelo educador
  2. Possibilidade do educando projectar no ambiente social uma desconfiança fatal
  3. Possibilidade de se desenvolver uma emoção insegura e paranóica achando que todo o mundo o quererá enganar

Conselhos úteis:

  1. A frustração é importante para o processo de formação da personalidade
  2. Não dissimule suas reacções, seja honesto com os educandos
  3. Cumpra o que promete, ou não prometa o que não consegue cumprir
  4. Diga “não” sem medo
  5. A confiança é um edifício difícil de ser construído, fácil de ser demolido e muito difícil de ser reconstruído

7. Destruir a esperança e os sonhos

Conceito:

  1. Fazer acusações que confinam o educado ao fracasso
  2. Considerar o eduncando como um irremediável
  3. Ser cordeiro com os alheios e leão com os educandos
  4. Ferir continuamente seus educandos

Conseqüências:

  1. Perda da esperança e dos sonhos e, por conseguinte, dificuldades em superar seus conflitos
  2. Gravitação em torno das misérias emocionais e das suas derrotas
  3. Depressão do educando
  4. Dificuldade em encontrar dias felizes
  5. Falta de motivação para caminhar

Conselhos úteis:

  1. Não importa o tamanho dos nossos obstáculos, mas o tamanho da motivação que temos para superá-los
  2. Um eu passivo, sem esperança, sem sonhos, deprimido, poderá carregar os seus problemas até ao túmulo
  3. Como educador, venda sempre esperança

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Trabalho em grupo...

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*Comunicação feita em Janeiro de 2010, no "Seminário pedagógico", realizado no âmbito da formação permanente dos professores da Escola Missionária "Rosa Gattorno" no Soyo. Baseou-se principalmente nos "Sete Pecados Capitais dos educadores" apresentados por Cury (2003).

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Bibliografia

CURY, A. (2003). Pais brilhantes. Professores fascinantes. A educação de nossos sonhos: formando jovens felizes e inteligentes. 15ª Edição. Rio de Janeiro: Sextante Editora